SPFW INVERNO 2014

11/06/2013

Oi, gente! Resolvi fazer um post dando um balanço geral no que rolou de melhor na São Paulo Fashion Week edição de inverno deste ano (28/10 - 1/11). Nossa, que trabalho que dá fazer esse tipo de post... hahaha.. espero que vocês gostem, pelo menos é um resumão que vai pôr tudo aqui que tem a ver com quem  lê o blog e procura o estilo que vocês gostam mais. E o bom que vai atender tanto moda feminina quanto masculina. Então, vamos começar por um desfile masculino, já que esse tema anda em baixa por aqui no blog:

ALEXANDRE HERCHCOVITCH MEN


Bom, pelo que eu li, Herchcovitch se inspirou em Lampião e nos cangaceiros para essa coleção de inverno 2014. Isso se torna visível na escolha dos óculos redondos, do material fibroso de alguns casacos e principalmente em alguns blusões de tricô com estrelas de oito pontas (amuleto dos cangaceiros), algumas bolsas trazidas na cintura e, claro, a cor ocre típica à indumentária. Mas se não tivesse visto essa informação, jamais imaginaria isso, mesmo porque não estava entendendo a relação da sujeira no rosto também. No mínimo curiosa a forma como o designer combinou a sua vivência criativa com a inspiração que trouxe para as peças. E apesar de ser uma coleção masculina, algumas modelos também desfilaram.

ALEXANDRE HERCHCOVITCH

Diferentemente da coleção masculina, a feminina está muito mais delicada, inspirada no estilo vitoriano, cheia de detalhes bufantes e de recatos típicos à época. Ou quase isso. Herchcovitch pode exagerar na cobertura em alguns modelos, mas de repente vemos algumas transparências quase que completas em meio a rendas ou tecidos realmente finos em que a modelo desfila sem nada mesmo para cobrir o busto. Essas peças rendadas, aliás, foram feitas em parceria com a Martha Medeiros, que é especialista nisso. Vários trenchcoats também, peças bastante coloridas... poderia ter pesado mais no preto, mas quando finalmente temos os modelos mais dark, vemos o melhor do designer e aí não tem o que reclamar. Mas, realmente, comparando a coleção masculina com a feminina, a primeira é muito mais agressiva que esta.

TÊCA POR HELÔ ROCHA

Combinando art noveau com anos 70, Helô Rocha trouxe uma coleção boho, mas com tantas cores escuras e fortes, estampas lindas e acessórios refinados que, no fim das contas, eu diria que ficou mais dark boho, com um clima totalmente witchy. Os chapéus de aba larga e os vestidos pretos compridos contribuem para essa sensação, mas não se trata de uma feiticeira qualquer, mas uma elegante e ousada, que exalta sua feminilidade com decotes frontais e fendas duplas que quebram com o peso de alguns dos vestidos longos. Simplesmente maravilhosos!

REINALDO LOURENÇO

O designer resolveu brincar com os contrastes na sua coleção: entre o básico e o exagerado. Por isso, encontramos modelitos muito discretos, apesar de tentar brincar com alguma fenda que foge do corte tradicional, e outros extremamente chamativos, totalmente metálicos, enquanto alguns tentam achar o equilíbrio entre essas duas tendências vistas na coleção, acrescentando detalhes de dourado ou prata em faixas que cortam o busto ou então dividem a saia ao meio. Os vestidos que seguem um padrão de linhas em desenhos retangulares, apesar de chamativos quando carregam brilho, ainda dão certo quando têm pouco comprimento, mas os longos já não fazem muito meu gosto, apesar de que certamente devem encantar muitas mulheres que buscam ser o centro das atenções das festas e que adoram um brilho, mas estão cansadas dos paetês e pedrarias :)

GLORIA COELHO

Estampas geométricas foi o forte da coleção de Gloria Coelho. No entanto, elas aparecem em peças mais simples, em blusas regatas onde ela trabalha com retângulos e quadrados, trapézios e demais figuras. No entanto, nos modelitos lisos, a designer consegue esculpir boas peças, como esse macacão com um poderoso decote frontal. Os sapatos também são um destaque da coleção, que têm uma pegada futurista acompanhada pelo uso dos óculos escuros que, apesar de terem um modelo retrô, dão uma impressão à frente do tempo.

CAVALERA

A inspiração árabe está em alta! Depois de burcas também aparecerem nas passarelas da 34ª edição da Casa de Criadores, agora elas voltam em São Paulo para a Fashion Week reinterpretadas pela Cavalera. No parque Villa-Lobos, o desfile da marca contou com dançarinas do ventre e show ao vivo para caracterizar a apresentação dos modelitos inspirados na origem libanesa do designer Alberto Hiar. Ele ainda acrescentou detalhes vindos da Turquia, Indonésia e Indía numa coleção com muitos moletons, camisetas e camisas que fizessem remitência à cultura muçulmana nesses países. Por vezes, essas referências aparecem mais sérias e com tom de pesquisa etnográfica, por exemplo nas texturas e padrões, outras mais cômicas, que são mais a cara das estampas da Cavalera - como no caso na estampa de lâmpada mágica e camelo. A grande quantidade de peças em preto é um destaque da coleção, assim como as sandálias femininas e masculinas - lindíssimas!

JULIANA JABOUR

Assim como vários outros designers nessa edição da SPFW, Juliana Jabour também apostou no moletom, mas o que mais me chamou atenção no seu desfile foram os últimos modelitos apresentados: os vestidos longos com estampas monocromáticas. Eles fugiram um pouco da sua proposta principal e são da linha festa, com elementos gráficos.

TUFI DUEK

Esse desfile me lembrou o do Balmain SS13, principalmente por causa desse blazer gigante com pantalonas, todo branco e com geométrico por baixo e os modelos em couro com cintura marcada. Lindos! A inspiração do designer Eduardo Pombal outra, vem da África e do fotógrafo Malick Sidibé, que fez muitas imagens em preto e branco, na década de 1960, da juventude high society africana. Não é assim tão distante, já que o período é semelhante, mas não quero fazer comparações, só dizer que gostei muito dessas peças monocromáticas e mais geométricas. E a grande vantagem é que são roupas plausíveis, totalmente usáveis no dia a dia.


COLCCI

A Colcci apostou numa coleção bem jovem mesmo, que é justamente o público-alvo da marca: adolescentes e jovens adultos. Por ter grande força no jeanswear, boa parte das suas peças são baseadas nesse tecido, apesar de a grife ter trabalhado bastante com nylon, lã e moletom também. Muitos croppeds, talvez até demais para o meu gosto hahah... o que rejuvenesce ainda mais a coleção, dando uma impressão de colegial para as roupas, acrescentada pelos padrões xadrez que aparecem também nas saias rodadas. Não é exatamente o meu gosto, na verdade, o estilo dessa coleção, mas é mais o que está próximo da realidade do que usamos no dia a dia, então como é uma marca brasileira e de moda masculina e feminina, achei válido compartilhar para dar dica do que está disponível no mercado. Além do mais, a paleta está de acordo com o gosto dos leitores: preto, cinza e vermelho.

UMA RAQUEL DAVIDOWICZ

Seguindo os passos de Rick Owens na última Paris Fashion Week, Raquel resolveu trazer bailarinos à passarela da SPFW para apresentar uma coreografia que traduzisse a energia de sua coleção de inverno, bastante inspirada no espírito urbano. Por isso, as peças são bem elásticas e desconstruídas, são moletons e tricôs maleáveis, veludo e malha. A idéia é legal e talvez Owens tenha começado (ou reforçado/popularizado, não sei) uma tendência, mas não sei se daqui em diante, depois dele, faz algum sentido. Pelo menos, se fosse um pouco mais diferente da proposta estética dele... mas prefiro que vocês dêem a opinião de vocês.

- - -

No geral, a semana foi boa e teve várias coisas interessantes. Algumas marcas tinham alguns looks bem legais, mas tipo só um ou dois e eu estava separando as que tivessem pelo menos três para pôr aqui. 

Algumas tinham muitas peças baggy - muito largonas, esquisitas e quadradas demais no corpo, tanto feminino quanto masculino. Percebi essa tendência nessa edição. Poucos designers valorizaram o formato da mulher brasileira e focaram em peças acinturadas, mas pelo contrário, muitas peças quadradas e que nem nas modelos ficavam boas direito hahaha...  então, pelo menos, em algumas fotos, as coitadas ficavam muito quadradonas e achatadas... aí não sei dizer se é problema do fotógrafo, que captou numa pose ruim enquanto a modelo desfilava, ou se é questão de modelagem mesmo.

E o bom da edição de inverno é que tem muita roupa escura, preta, muito couro e tal... sempre fica mais fácil de a gente apreciar. :) Então espero que tenham gostado do post!


Fotos: FFW

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2 comments

  1. Eu invejei quem pôde estar nessa edição, achei MUITO melhor que o verão...alguns desses estilistas com o herchcovitch tem me cansado pq o danado é cheio dos investimentos e fica fazendo essas coleções como essa do lampião q olha.. nem sei.
    tenho uma paixaozinha por reinaldo lourenço, tufi duek, glória coelho e têca <3 muito dificil me decepcioar com o q eles fizeram e confesso que desejei mais cores pra esse inverno. amo preto e branco, mas na passarela eu quis mais qisso.

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    1. HAHAHAHA Você ficou decepcionada com o Herchcovitch? Eu fiquei meio "assim" com a Glória Coelho... não sei, o que ela conseguiu de legal com essas formas geométricas, ela não aproveitou com a modelagem das regatas/vestidos - parece que só usou de tela pra fazer os desenhos e esqueceu do resto, sabe? Mas essa é uma proposta também, claro. No caso, eu achei que tinha bastante cor sim, é que eu separei só as mais neutras por aqui, porque né <3
      Queria saber sua opinião sobre o que a Uma Raquel Davidowicz fez, já que você gostou tanto do que o Rick Owens fez na PFW... você não achou parecido também ou eu que to surtando? Sei lá, como você estuda moda, sabe dizer bem melhor que eu.

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