LADO B: loja colaborativa como modelo de negócio

10/14/2013

O post de hoje dá uma dica especial para quem é artista, artesão ou designer e quer ter um espaço físico para começar a vender seus produtos, mas não tem verba suficiente para montar a própria loja. Com R$140 por mês, você já pode ter seu trabalho exposto em lojas colaborativas como a Lado B, que foi criada por Jaqueline Borges, de 27 anos.

Formada em Análise de Sistemas e em Design de Moda, ela já expunha suas peças em lojas colaborativas quando passou do status de designer para empreendedora ao levar a novidade para o ABCD paulista. O conceito originalmente vem da Europa e dos Estados Unidos, mas já se adaptou totalmente no Brasil e principalmente na Grande São Paulo. Há dois anos funcionando na região central de São Bernardo, hoje a Lado B conta com cerca de 80 marcas compartilhando um mesmo espaço onde são organizadas 88 caixas em que os produtos são expostos.

Fachada da Lado B

Jaqueline conta com uma equipe especializada em mídias digitais, que fica responsabilizada não apenas em divulgar a loja e seus produtos através das redes sociais, mas também em dar apoio aos expositores via internet. Com perfis no Facebook e Instagram, a Lado B mantém seus seguidores atualizados sobre novos itens que chegam na loja, além de promoções e dicas culturais. "O feedback constante é um ponto forte na loja. Temos o hábito de reportar para os expositores os produtos com maiores saídas, os mais procurados e um suporte para organização e identidade visual da caixa", explica Jaqueline.

Schinaider e Anelie e um de seus vestidos da Meus 3 Pontos, vendido na Lado B

A mãe e filha Schinaider e Anelie, da marca de roupas Meus 3 Pontos, está na Lado B desde o início da loja, em 2011, e confirmam o suporte dado por Jaqueline. "Ela nos ajudou com o tamanho do box. Estávamos pegando um menorzinho, só para testar, mas acabamos concordando em aumentar e foi ótimo para nós", relatam. Elas, que uniram forças com a experiência em costura da mãe e de design de moda e ilustração da filha, mantêm uma moda artesanal e feminina, colorida e lúdica, com estampas românticas e florais. Por conta disso, suas roupas já são a própria informação visual e a dupla diz não se preocupar com uma parte importante para os expositores: a customização da caixa.

Identidade e customização

Se um dos pontos fortes da loja colaborativa é dar espaço para muitos, este também pode ser um problema para os expositores, que precisam brigar pela atenção dos clientes. É preciso saber escolher o tamanho da caixa de acordo com o seu orçamento e seu produto (vestidos não cabem em caixas para bijuterias, por exemplo), mas também pensando no campo de visão que ela irá ocupar e, principalmente, em como irá customizar o box. "Na Lado B sempre enfatizamos para o expositor o quanto é importante decorar a caixa, criar uma identidade visual bacana. Alguns acham que não tem necessidade, mas as caixas mais iluminadas e mais decoradas chamam a atenção do cliente e consequentemente vendem mais", pondera Jaqueline.

Caixas dos expositores LereRô e Galeria dos Aromas

Diogo Machado é formado em artes plásticas e já trabalhou no visual merchandising da American Apparel em São Paulo. Com sua experiência na montagem de vitrines, ele explica que uma das coisas mais importantes para o expositor é a organização dentro da caixa. "Às vezes você vai ver um box e está tudo jogado, porque não tem um esquema, aí a pessoa mexe e tira do lugar, o que piora a situação", comenta. E, seguindo essa mesma lógica, vem a customização. "As caixas que mais chamam a atenção são as que estão mais preenchidas de produtos e é legal quando tem o logo, um papelzinho de parede por dentro, alguma indicação do DNA da marca, o que é um conceito básico de visual merchandising. A pessoa tem que olhar e reconhecer", afirma Diogo.

Foi assim que Beatriz Rossi, de 22 anos, tornou-se cliente da Lado B. Sem conhecer a lógica das lojas colaborativas, ela foi fisgada pela peculiaridade do comércio enquanto passava pela rua. "Eu nunca tinha nem ouvido falar da loja, apenas entrei porque as roupas me atraíram. Os acessórios são muito chamativos e as marcas que mais investiram na customização são as que mais chamam a atenção do consumidor, sim. Cada detalhe faz a diferença, não tenha dúvida", opina.

Já a preocupação com o fato de serem tantas marcas num mesmo lugar, na verdade, do ponto de vista do consumidor torna-se uma grande vantagem, como lembra Crica Campos, da marca Sandra Campello Calçados, que inclusive tem um box na Lado B. "Você pode comprar itens diferentes sem ter que ir a vários locais para isso. Resolve tudo de uma vez!", diz.

Caixas dos expositores Kelynha e Diego Favaro

Quanto à escolha do tamanho do box, uma vez que isso demanda maiores investimentos conforme as dimensões, Diogo diz que depende mais do produto do que a preocupação com a visibilidade. "Se o expositor vende roupas, o box tem que ser maior para tudo ficar dependurado. Porém normalmente uma caixa de tamanho normal, quadrada, já funciona", opina. Mas se tudo isso parece muito complicado para você, fique tranqüilo que a Jaqueline da Lado B dá toda a assistência. "Na loja analisamos caixa por caixa e vemos se está muito cheia ou vazia, se falta decoração ou iluminação. Nesses casos, entramos em contato com o expositor e colocamos alguns pontos de melhoria".

Outra estratégia de visibilidade utilizada na Lado B é o uso de manequins. Dois deles são posicionados na parte frontal da loja e semanalmente são montados diferentes looks usando peças da loja. "Enquanto um manequim tem um estilo mais ousado e fashion, para chamar a atenção, o outro é mais romântico ou clássico, para mostrar ao cliente que temos todos os estilos na loja", conta Jaqueline. Essa ferramenta não tem nenhum custo adicional para os expositores e é uma peça importante para chamar a atenção dos que passam pela rua, seja na calçada ou dentro dos carros. As vendedoras montam os looks conforme as tendências da moda durante a semana e fotografam suas composições para poder compartilhar no Instagram e Facebook. "Assim divulgamos ainda mais as marcas", acrescenta.

À esquerda, manequim usando Miniminou e à direita suéter Loja Reversa e saia de couro Linda Marina

Como e por que ser expositor

Se você é artista, artesão, faz suas roupas, tem sua loja virtual ou nem isso, mas gostaria de começar a vender seus produtos, mas não tem a possibilidade de abrir um negócio, a loja colaborativa pode ser a solução mais fácil para tornar seu trabalho não só conhecido como também lucrativo. "É uma mega oportunidade de você ter uma mini loja tua sem gastar tanto e alcançar o público que você deseja! E a Lado B veio com a possibilidade de atingir o público do ABC", comenta Anelie, da Meus 3 Pontos.

É importante pensar em ter um ponto de vendas físico além da loja virtual, principalmente porque há consumidores que ainda não têm o hábito de fazer compras online ou que gostam de conferir o item no local. Beatriz é um desses casos. "Não tenho costume de comprar pela internet, só quando já conheço o produto pessoalmente, prefiro ir até a loja. É muito melhor você olhar, provar, pegar, sentir... é totalmente diferente. Ali a pessoa tem o contato com o produto, que é algo importante sim. A compra pela internet é somente para aquelas pessoas que não têm muito tempo, algo mais prático", argumenta.

Além de roupas e acessórios de moda, a Lado B também trabalha com itens de decoração e está aberta a sugestões. Segundo Jaqueline Borges, não existe uma curadoria das marcas, desde que os novos expositores não vendam produtos já existentes na loja, nem produtos ilícitos ou alimentícios. Depois dessa análise, o interessado entra numa fila de espera e assim que houver disponibilidade, será chamado para participar do projeto, firmando um contrato de três meses. Diferentemente de outras lojas colaborativas, que trabalham com metas de venda, a Lado B por enquanto ainda não tem esse sistema, apesar de não descartar essa possibilidade no futuro.

Com 88 caixas, a Lado B oferece diferentes tipos de acessórios, roupas, itens de decoração, arte e presentes

E aí? Você ainda tem alguma dúvida se a loja colaborativa realmente vale a pena? Una sua plataforma de vendas online e experimente ser expositor da Lado B. O modelo tem chamado a atenção dos moradores de São Bernardo e região. Jaqueline conta que estes entram na loja e vão de caixa em caixa, observando os produtos. "O bacana é que, em tão pouco tempo de loja, temos um público muito fidelizado e o famoso 'boca a boca' traz muitos novos clientes".

Aberta de segunda a sábado das 10h às 19h e das 10h às 14h aos domingos e feriados, a Lado B fica na Rua Frei Gaspar, 185, no Centro de São Bernardo do Campo. Entre em contato com a Jaqueline e sua equipe e tire suas dúvidas sobre como se tornar um expositor pelo e-mail ladob@ladobstore.com.br ou pelo telefone (11) 2355-6646.

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