A fotografia de Lillian Bassman

3/07/2012

Faz três semanas que a fotógrafa Lillian Bassman morreu. Com 94 anos, ela faleceu em sua casa em Manhattan, deixando uma obra que se estendeu até o fim de sua vida. A americana é o resultado de um casamento de dois intelectuais judeus que emigraram da Rússia para os Estados Unidos, em 1905, onde se estabeleceram no Brooklyn, em Nova Iorque. Graduada em 1933, Lillian encontrou sua paixão pela fotografia ao conhecer Paul Himmel, com quem se casou aos 15 anos, em 1935, e permaneceu casada por mais 73 anos - ou seja, até o fim da vida de Himmel, que faleceu em 2009.

"It's a Cinch" ou "é uma cinta", fotografia de Lillian publicada numa edição da Harper's Bazaar de 1951

Juntos, Lillian e Himmel enfrentaram a Grande Depressão dos anos 1930, durante a qual ela trabalhou como modelo artística enquanto seu marido lecionava arte. Sempre envolvida em greves políticas da época, a fotógrafa chegou a posar nua para uma foto de protesto artístico contra os cortes financeiros. Mais tarde, ela conseguiria um emprego como co-diretora artística da Junior Bazaar, uma revista adolescente caracterizada pela criatividade e experimentalismo. Porém, a publicação não prosperou por muito tempo, justamente por ela ser muito fora dos padrões, mas ao menos ela ajudou Lillian a ascender na carreira de fotógrafa fashion, abrindo seu caminho para a Harper's Bazaar.

Stella Tennant, por Lillian Bassman, para a Vogue Alemanha

Sob influência do emigrante russo Alexey Brodovitch, fotógrafo e diretor de arte, Lillian passou a fotografar suas modelos principalmente em preto e branco, sendo que boa parte desses seus trabalhos foram publicados na Harper's Bazaar durante o período de 1950 a 1965. Isso fixaria no público o olhar impressionista que Lillian debruçava sobre a moda. Sua técnica era a manipulação química do negativo, o que fazia com que as imagens ganhassem um forte contraste e se tornassem elemento característico de sua obra - tanto no mercado editorial quanto na publicidade, tendo assinado um anúncio de lingerie para a Warner.

Mas nem todo mundo por trás das publicações apreciava esse posicionamento. A editora da Harper's Bazaar, Carmel Snow, chegou a dizer para Lillian, durante um shoot: "Eu não a trouxe para Paris para fazer arte; Eu a trouxe aqui para abotoar e fazer os laços".

Lillian Bassman

De saco cheio da fotografia de moda, Lilian destruiu boa parte de seus negativos nos anos 1960 - cerca de 40 anos de sua carreira. Ela deixaria de lado a vertente para se dedicar a projetos pessoais. No entanto, vinte anos depois, foram encontradas centenas de imagens numa mala, o que fez com que seus trabalhos voltassem a ser apreciados nos anos 1990. Lillian, então, re-emergia na fotografia fashion, buscando inovar seu trabalho com novas tecnologias e técnicas, tendo seu primeiro contato com o Photoshop aos 87 anos de idade.


"Ela torna visível aquela parte dolorida e invisível que existe entre a aparência e a desaparência das coisas" 
Richard Avedon, sobre Lillian Bassman


Fotos e informações principalmente retiradas de Coihouse

You Might Also Like

2 comments

  1. Precisa dizer oque mais? LINDAS fotos... Quem diria que a vovó fofinha de cima era na verdade esbelta e altíssima modelo. E sério, acho que mais da metade dos editoriais de moda são inspirados nessas fotos, que por sinal, parecem ser atuais

    ReplyDelete
    Replies
    1. Né? Parecem bem atuais mesmo. Até porque a moda vive de círculos.. ela sempre revisita o passado e nada melhor do que buscar inspiração com gente que fez um trabalho tão legal quanto a Lillian Bassman.

      Delete