Corpse paint feminina

3/05/2012

Essa semana vai rolar show do Dimmu Borgir em São Paulo - o que não deve ser novidade para quem gosta de Black Metal, já que a banda nem é assim tão r00tz no estilo. Mas aí fiquei me perguntando... normalmente os fãs desse gênero, ao menos os homens, gostam de se maquiar com corpse paint, que é uma pintura que literalmente tenta reforçar o aspecto cadavérico, inumano, maligno e decadente dos grupos. Normalmente os tons usados são branco e preto, apesar de bandas como a Gorgoroth também usarem tintas avermelhadas para ter um aspecto de sangue. Mas e as mulheres? É do mesmo jeito?

Sirannon, banda de black metal composta só por mulheres

Bom, pra entender melhor o estilo da corpse paint vale a pena  lembrar que ela não começou no Black Metal. O estilo começou com roqueiro inglês Arthur Brown nos anos 1960, passando depois para Alice Cooper, Secos & Molhados (sim, a banda brasileira!) e KISS nos 1970, e mais tarde para os punks do Misfits e David Vanian, do The Damned, nos anos 1980. Foi nessa mesma época que bandas de death/black metal como Hellhammer, Death SS, King Diamond e Mercyful Fate também começaram a pintar seus rostos de branco e preto, demarcando um estilo mais obscuro e chocante que os anteriores.

 
Secos & Molhados

King Diamond

O mesmo ocorreu com as bandas de black metal norueguesas. Nos anos 1980 e também no começo dos anos 90, os grupos Mayhem, Gorgoroth, Immortal, Darkthrone e Dimmu Borgir começaram a usar a corpse paint e firmar o estilo no gênero musical. Mas já não tinha mais a ver com as pinturas do KISS ou do Alice Cooper, já que eles realmente estavam querendo parecer cadáveres e não usar a pintura de modo cosmético. Porém, apesar de a corpse paint ser um estereótipo do black metal, muitas vezes até transformada em piada e paródias, várias bandas importantes como Emperor, Satyricon e Burzum se negam e se negavam a usar a corpse paint. E, veja bem, Varg Vikernes do Burzum provou que não precisava usar nada na cara para tacar o terror na Noruega e queimar umas igrejas por lá.

Varg Vikernes no seu julgamento e prisão (1993-1994)

E as mulheres do black metal? Bem, a gente já escreveu um post sobre bandas femininas de black metal e percebemos que poucas delas são adeptas do corpse paint. Não sei dizer bem o motivo, mas algo que é meio claro no black metal é que o gênero é bastante masculino ou até mesmo masculinista (quem aí nunca viu alguma foto promocional das bandas ou mesmo as capas dos álbuns com fotos de mulheres peladas/ensanguentadas/provocantes?). Como alguns grupos discutem o satanismo ou até mesmo o seguem, não é difícil encontrar a mulher representada como uma sucubo (demônio feminino) ou remetida a qualquer entidade demoníaca de forma erótica.


Mas enfim, nem digo isso como discurso feminista, só pra dizer que vale a pena dar uma olhada no posicionamento da mulher no black metal, do ponto de vista masculino e também do ponto de vista feminino (com bandas como a Astarte e outras citadas no nosso post).

Fora isso, a moda também já se apropriou da corpse paint, como no editorial Black metal barbies, fotografado por Antonella Arismendi para a D-Mode Magazine de outubro de 2008.



E fora a forma como a moda vê a mulher fã de metal extremo, há ainda personalidades como a Metal Sanaz, que defende uma estética forte como metaleira e sem usar corpse paint - aliás, ela um dia ainda vai ter um post por aqui!


E vale também lembrar da loja brasileira Black Frost, com fotos representativas feitas pela modelo Alexandra Black Frost:



Enfim, vamos ver o que eu encontro por lá no Carioca Club amanhã. :) Fiquem aí com algumas referências que achei para exemplificar esse estilo mais extremo de metaleiras:

Foto de Jeremy Saffer

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