Meu namorado e meu amigo Pedro me disseram há algumas semanas que algumas músicas você precisa ouvir várias vezes para poder entender melhor ou gostar mais e eu discordei dizendo que, no meu caso, eu sempre gosto daquilo que eu realmente aprecio logo de cara. Bom, não foi o caso do álbum Altar gravado pelas bandas Sunn O))) e Boris. Eu ouvi uma primeira vez e não gostei muito, ouvi uma segunda e gostei mais, uma terceira e aí já passei a ouvir tantas outras que estou no repeat o tempo todo. O que é estranho, porque não gosto do estilo musical drone, que é pelo qual a banda Sunn O))) é conhecida. 

Isoladamente, não sou muito de ouvir o trabalho deles, mas gostei, por exemplo, do que fizeram em parceria com a Nurse with wound e também com a banda japonesa Boris, que eu já tinha ouvido uns anos atrás, quando pesquisava mais sobre rock japonês. É engraçado porque os estilos são bem diferentes, mesmo a Boris tendo um álbum bem experimental/drone, como o Dronevil, que é um disco duplo que pode ser ouvido separadamente ou junto, como foi concebido idealmente.

Em Altar, vocês irão ouvir várias músicas instrumentais com ruídos de guitarra distorcida se prolongando ao fundo, algumas notas surgindo para adornar essa barulheira que, enquanto você deixa rolar, fazem sentido como um soundscape de desolação. E aí tem a música The Sinking Belle, que na verdade se multiplica em três canções homônimas, mas que se distinguem por uma espécie de aposto. A primeira, The Sinking Belle (Blue Sheep), é uma das únicas faixas com vocal (Akuma no Kuma também tem voz, que é de Joe Preston, mas não conta muito) e é minha música preferida. Conta com a participação da cantora Jesse Sykes, da Jesse Sykes and the Sweet Hereafter. Em The Sinking Belle (Black Sheep) e The Sinking Belle (White Sheep), ouvimos uma versão instrumental do mesmo tema, com violinos e tudo mais. Muito bonito!

Vale a pena, por mais que você não goste de drone, ao menos escutar o trio Sinking Belle.