KHYMEIRA: dreadlocks, rastafari e cyberpunk

7/31/2013

Depois do sucesso que foi o post sobre negros e a subcultura gótica aqui no Fierce, resolvi traduzir um perfil que o site Afropunk fez com uma das modelos (apesar de que ela não é exatamente modelo) negras que eu acho mais interessantes, a Khymeira, do blog Khymeira.tumblr.com. Ela concedeu uma entrevista ao site Afropunk, no blog de moda Safety Pins, que vale muito à pena vocês que gostaram do post daqui darem uma olhada também. Então, vamos ao que interessa e conhecer um pouco mais sobre essa canadense de 25 anos que, assim como eu, também é super fã de cyberpunk. :)

KHY "THE ALTAR GIRL" HERBERT
Khy "The Altar Girl" Herbert é uma jovem de 25 anos que você encontrará por todos os cantos da internet com seus looks estilosos, cabelos coloridos e sobrancelhas de vilã. Eu a vi pela primeira vez em alguns posts no tumblr e, mais tarde, passei horas stalkeando seu blog Khymeira.tumblr.com. Perguntei à Khy sobre seu estilo, seus negócios e suas inspirações. Dê uma olhada.
Javii: Passei horas no seu blog e percebi que ele tem uma das melhores curadorias da internet. Como você escole o que fazer e o que não fazer no seu blog?

Khy: Obrigada, estou honrada! Eu tenho uma sólida fixação pela subcultura cyberpunk: um gênero que tem tido uma crescente influência no mundo real. Ele possui um adágio: "alta tecnologia, baixa qualidade de vida", o qual eu aprendi a adotar como uma pessoa marginalizada. Então o conteúdo do meu blog tende a refletir isso - a simplicidade, a moda geométrica; o sujo, as mensagens anônimas criptografadas; os gifs com distorções quase elípticas. Isso tudo são facetas que eu imagino ser parte desse mundo.


Javii: O que você considera ser seu estilo pessoal? (O cyberpunk é considerado também um estilo pessoal?)

Khy: Ele pode ser considerado um estilo pessoal, mas eu sempre senti que estou fazendo uma progressão. Atualmente, considero meu estilo como sendo... silhuetas alongadas com inclinação militarista. Quanto mais coturnos militares, melhor. Muitas das minhas roupas do dia a dia são peças que são versões diurnas daquilo que se usa em casas noturnas onde se ouve música industrial. São discretas o suficiente para um visual diurno, mas continuam sendo inesperadas.

Javii: De certa forma me lembra as cenas de clubes underground de filmes do começo dos anos 2000. Como você acha que a cena punk canadense difere do resto do mundo?

Khy: Caramba, eu não me sinto realmente preparada para responder isso. Como jovens, não sinto que estamos em uma situação política tão terrível quanto os jovens alternativos na Indonésia ou China, onde eles estão constantemente tendo problemas com seus governos. Mas eu sou muito apolítica, o que é uma característica muito ruim, eu admito.



Javii: Essa é uma conversa para outro dia. Vamos falar um pouco sobre o seu cabelo. A primeira coisa que me chamou atenção no seu blog foi, na verdade, o seu cabelo. Eu não sei o que perguntar, então me explique seu cabelo.

Khy: Cabelo, ha! Definitivamente uma das minhas maiores vaidades. Eu sempre quis ter várias cores sem fritar meu cabelo com descolorante, então eu comecei a usar tranças de extensão. Mas em vez de escolher as cores típicas e "naturais" às quais eu era sujeita, eu testei azul um dia... Heh. Eu até combinei tranças azuis com o meu uniforme no meu primeiro emprego no McDonald's. Aquilo foi divertido. Recentemente, eu tive dreads sintéticos, o que eu descobri ser um estilo bem preventivo. Como eu tinha um negócio especializado nisso, eles eram a opção mais apelativa. E desde então, eu simplesmente moldo meu cabelo num estilo que me cai bem.


Javii: Eu não tinha idéia de que dreads sintéticos existiam antes de ver o seu blog, então por favor me fale um pouco mais sobre a sua loja.

Khy: Ela representa uma parte bem diferente de mim - uma um pouco mais extravagante, brilhante e auto-depreciativa. Chama-se The Dreadful Candy Parlor; é um estabelecimento online no Etsy - uma plataforma de vendas que você deve conhecer pelos itens feitos à mão e vintage. Minha loja é especializada em dreads sintéticos, os quais são algo como bastardos estéticos da subcultura cybergoth e rivethead. Eu tenho essa loja desde 2009 e tem sido um grande estímulo à criatividade para mim. Você pode visitá-la em dreadfulcandyparlor.etsy.com. Tem também o tumblr dreadfulcandyparlor.tumblr.com.

Javii: O que te inspira com relação às artes e criatividade em geral?

Khy: Imagens do universo: galáxias e berços de nebulosas; formações gasosas de estrelas e corpos celestes. Eu amo a idéia de tentar recriar esse tipo de cores nas extensões - especialmente quando elas são ultravioleta ou quando brilham no escuro.

Javii: Muito obrigada pela entrevista, Khy.


Informações extras sobre a Khy

Eu amo bordo (maple syrup) no chá, durante a manhã; sou uma designer gráfica; coleciono quadrinhos de ficção científica/terror/slife-of-life. Estado civil: em um relacionamento; estamos juntos há 9 anos. Aquele imbecil é meu melhor amigo.

Signo: Capricórnio
Cor favorita: Preto e ciano
Banda favorita: Ugh! Pergunta difícil. Pelo que eu sei, Terrorfakt

Mais dos trabalhos da Khy:

khymeira.tumblr.com
dreadfulcandyparlor.etsy.com
dreadfulcandyparlor.tumblr.com

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Se eu não estou ficando muito louca, já que faz um tempo que eu li a trilogia Sprawl do William Gibson (Neuromancer, Count Zero e Mona Lisa Overdrive), lá o autor comenta uma estação espacial chamada Zion comandada por rastafaris, enquanto em Matrix, Zion vira uma terra prometida perto do centro do planeta, onde os poucos humanos restantes estão escondidos das máquinas... provavelmente remetendo ao mito rastafari de que Zion seria o céu ou a terra prometida deles. 

Cena em Zion em Matrix Reloaded

Mas seu não estou muito louca, já que faz um tempo que eu li o Gibson (comecei a ler lá por 2008 e parei em 2010, sei lá), ele dá muito valor à cultura africana e negra, não só à rastafari mas também ao voodoo, que é bastante usado nessa mesma trilogia cyberpunk, que foi a que o consagrou como um dos grandes nomes do cyberpunk - provavelmente a Khymeira é fã dele. No Count Zero a gente vê justamente o voodoo como um dos temas principais do livro e isso se prolonga na continuação, Mona Lisa Overdrive

Além disso, existe uma corrente artística chamada Afrofuturismo que tem se desenvolvido na literatura e na estética, combinando elementos da ficção científica e da história, fantasia e da cultura africana junto ao realismo mágico e às cosmologias não-ocidentais para criar um novo universo ficcional. Esse termo, primeiramente utilizado pelo crítico americano Mark Dery, em 1993, no entanto, chegou um pouco atrasado, já que essa história já vem desde os anos 70 e 80, como diagnosticou a Vice, numa matéria sobre o Afrofuturismo na música. Mas como disse o entrevistador da Khymeira... essa é uma conversa para um outro dia. :)

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6 comments

  1. Mostrei o post sobre negros+subcultura gotica pra uma amiga e chegamos a conclusao de que: queremos ser negras (mas manter o cabelo de japa lol)!
    Pele perfeita, boca sexy, olhos hipnotizantes *-*
    Não conhecia a Khy, e estou apaixonadeeenha agora <3
    Obrigada por "apresentar" ela!

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    1. Ela é foda. Sempre via fotos dela pelo tumblr, mas não fazia idéia de quem era, até um amigo comentar o nome e eu ficar fuçando quem era a menina hauhauah.. aí achei essa entrevista no site da Afropunk e resolvi traduzir pra vocês <333 HAUAHUAHUAH AGORA SÓ FALTA VOCÊ VIRAR GANGURO NÉ SU <3333333

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    2. Nooooooes D: Ganguro nooooes heuehueueue
      Depois que vi que muitas nao tomam banho, pra evitar ter q fazer make/cabelo again, pegay nojinho delas heueheueeu

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    3. Sério isso? Não sabia hauahuhaua... pelamor D:

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  2. ahhh adorei o post e o tumblr dela é realmente um achado! engraçado q antes de citarem matrix eu ja tinha achado a semalhança com matrix e blade! hahaha adoro figurino aí ja viu né

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    1. Entre Matrix e Blade? Por que? Eu não manjo muito de Blade, apesar de ter assistido a uns dois filmes, eu acho...

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