Dita Von Teese: Já não há homens de verdade (NSFW)

11/19/2012

Dita Von Teese foi entrevistada pela revista espanhola S Moda neste mês de novembro, dando declarações bem curiosas a respeito de sua sexualidade e opiniões que circundam a temática. O conteúdo é tão interessante que a jornalista responsável pela matéria, Laura Requejo, resolveu usar como título uma das falas de Dita: "Já não há homens de verdade". Assim como eu fiz para vocês, no passado, a tradução da entrevista da Elvira para a Ponystep, vou dar essa colher de chá novamente, porque achei interessantíssimo o conteúdo dessa reportagem e acho que tanto quem é fã dela quanto quem não a conhece muito bem pode ter uma melhor idéia de quem é essa musa burlesca. Leiam e tirem suas próprias conclusões :)

Dita Von Teese veste camisa e saia de Tom Ford

Dita Von Teese: "Já não há homens de verdade"
Empresária, musa vintage, embaixadora da Cointreau e ícone sexual, Dita Von Teese sabe claramente o que falta em sua vida



Dita entra para provar o que vai vestir para a sessão de fotos para a S Moda. E o curioso é que, ainda que ganhe a vida tirando a roupa de forma profissional - a essa altura, certamente milhares de pessoas já a viram nua em um famoso número burlesco, no qual ela se banha em uma taça de cristal gigante -, nesse momento ela pede educadamente que todos saiam da sala; não quer se trocar na frente de um grupo de estranhos. A razão é simples: Dita Von Teese é uma mulher tímida. Quando era simplesmente Heather Sweet, de Michigan, descobriu que podia sobrepôr a timidez usando sua aparência. Sua mãe, que era manicure, encantava-se com os filmes velhos da era de ouro de Hollywood, e Heather se apaixonou por "essas mulheres divinas com lábios pintados de vermelho, unhas magníficas, saltos altíssimos e trajes maravilhosos. Pensava que algum dia me vestiria como elas". Agora, além de possuir uma das mais invejáveis coleções de roupa vintage de seu país, ela criou sua própria linha, Dita Von Teese. Trata-se de seis peças inspiradas nos vestidos que mais gosta em seu armário e que foram postos à venda em um um templo vintage: Decades (shopdecadesinc.com).

Também queria ser bailarina de ballet clássico. "Bem, o que mais me atraía de tudo aquilo - a maquiagem dramática, o vestuário extravagante - está muito presente em meus shows e assim fui capaz de dizer que havia conseguido viver meu sonho, à minha maneira". Dentre seus números mais notáveis, Dita recorda com muito carinho o qual criou para a Cointreau. O espetáculo marcava o começo de uma relação que já vai para cinco anos, nos quais a artista havia se convertido na orgulhosa embaixadora do licor. "Era uma homenagem da qual eu me encarreguei totalmente: o vestuário, a coreografia, as cores, os logos. O processo de criação foi muito prazeroso". Este ano, ela criou uma bolsa também denominada My Cointreau Evening. "Quis algo mais feminino, menor e portátil. Também queria provar as misturas nos coquetéis. Gostei da mescla do sabor doce do Cointreau com a canela. E também da infusão de chá, que vem em uma caixa muito especial, com forma de pólvora antiga".

Vestido de renda e pele de Victor & Rolf, calcinha e sutiã da Dolce & Gabbana e colar da Lanvin

Dita acaba de completar 40 anos, mas afirma que não nota nenhuma diferença. "Acho que são os outros que tentam meter medo com números". E depois de acumular várias relações sérias - a última com o aristocrata francês Luis Marie de Castelbajac, conde e filho do designer Charles de Castelbajac -, agora ela se autoproclama uma "garota solteira". Entre Castelbajac e ela havia mais de uma década de diferença, de modo que Dita sabe o que significa sair com homens mais jovens. Depois dele, esteve com outros que, em suas próprias palavras, "estavam, entretanto, começando a encontrar a si mesmos". A experiência não deve ter sido muito enriquecedora, porque quando fala de homens, ressalta que o essencial é "estar com um cara forte, tanto em sua carreira como em sua vida". E confirma: "Desde que estou novamente no mundo dos relacionamentos, tenho refletido muito sobre a natureza das relações entre homens e mulheres". Parece que chegou a umas tantas conclusões. Para começar, que em questões de sedução, o que convence é o estilo tradicional, mais Mad Men e menos Jersey Shore, para dar um exemplo. "Os homens estão se feminilizando e, em muitos casos, a culpa é nossa. Estamos alterando o equilíbrio. Não posso falar pelas outras mulheres, mas, no meu caso, havia me esquecido de que não é necessário ter controle absoluto todo o tempo. No sexo, é importante se deixar levar e, por que não, também se deixar dominar. Mas, na minha vida profissional, passo o dia tomando decisões e, sem me dar conta, havia levado essa mesma atitude à cama. É um erro. Tem que deixar que o homem se comporte como um homem e que te faça se sentir como uma mulher". 

E como consegue isso, exatamente?

Com os detalhes. Um exemplo: eu jamais me aproximaria de um homem para dar o primeiro passo. E menos ainda de maneira agressiva. Tem que ser ele quem vem até mim, quem faz o movimento inicial. Na minha vida profissional, o peso de todas as decisões cai sobre mim e, nas relações, quero que o homem seja muito masculino, que se comporte como um homem, para que eu possa me sentir um pouco mais vulnerável. Mas já falei muito com minhas amigas e estamos todas de acordo que cada vez é mais difícil de encontrar homens de verdade.

Luvas da Lanvin e bolsa de edição especial da My Cointreau Evening, desenhada por Dita para a marca de licor

É uma causa perdida?

Não, simplesmente creio que há linhas que não se deve cruzar. Por exemplo, gosto de falar de sexo com minhas amigas, mas há coisas que jamais diria na presença de um homem. Dessa forma, há outras que, sinceramente, não têm necessidade de serem ditas. Reconheço que às vezes torno as coisas mais difíceis de propósito. Finjo que não sei onde estão os preservativos em meu quarto. Não vai acontecer nada fazer esforço para procurá-los!

Além de feminilizados, acha que os homens de hoje são um pouco infantis?

O que vejo é que há uma grande diferença em relação à época em que eu tinha vinte e tantos anos ou trinta e poucos. Eles se comportavam de outra forma. Quando fiquei solteira, o que mais me surpreendeu foi descobrir que eles queriam passar a noite comigo. Fiquei tão chocada que consultei uma amiga, E. Jean, que escreve uma coluna de sexo em várias revistas americanas. Antes não faziam isso, simplesmente se vestiam e iam às suas casas; não tinha que despejá-los. Agora querem ficar e se acomodar ao meu lado e, sinceramente, me dá muitíssima preguiça. Por que assumem que, simplesmente porque nos relacionamos, têm o direito de dormir na minha cama? Eu necessito sentir que existe certa intimidade para convidá-los a fazer algo assim. Mas há coisas que soam bem diferentes, na prática.

Vestido de Dita Von Teese e cinto Balmain

A que se refere?

A uma mulher que não pode dizer certas coisas a um homem sem parecer uma escrota [baixa o tom da voz]. Tenho pensado muito em tudo isso ultimamente, porque nunca achei que me veria na posição de ser quem ganha o dinheiro na relação. Mas estive nessa situação várias vezes e me dei conta de que nós não podemos impôr certos estatutos mínimos de respeito sem parecer que estamos azucrinando. Se um homem é quem ganha o dinheiro na casa e deve ir logo à cama, porque no dia seguinte tem uma reunião importante, sua mulher provavelmente se levantará para fazer o café da manhã. Quando fui eu quem tinha que se levantar cedo para ir trabalhar, encontrei meu parceiro ainda festejando. Essa atitude é desrespeitosa! Por isso, estou mais interessadas em homens que saibam cuidar de si mesmos. 

E você sente que os homens jovens confundem sexo com pornografia?

Não só o sinto, como confirmo. Saí com vários nos últimos anos e posso constatar que é assim. E isso acontece porque estão se educando sexualmente com o pornô que vêem na internet. Eu gosto de ver pornografia, porque tenho interesse e também curiosidade, mas é uma fantasia, um elemento a mais, não é minha vida sexual. O sexo se aprende na cama.

Dita, em todo seu esplendor de seus 40 anos recém completados, veste um casaco de pele da Lanvin, pulseira de Ben Amun e sapatos de Christian Louboutin

Qual é sua fantasia mais selvagem?

Estão entre as fantasias mais obscuras e bizarras as que eu realmente gostaria de cumprir. As pessoas gostam de tê-las assim, como uma possibilidade; mas se tiver a oportunidade de levá-las a cabo, não pensariam duas vezes. E logo está ali a fantasia pela qual suspiram. No meu caso, é simples: poder estar com alguém com quem realmente me sinta livre. Já fiz um monte de coisas selvagens na minha vida e agora o que busco é uma pessoa com quem possa contar para todas essas coisas, sem que se acovarde e sem ficar com ciúmes. Alguém com mente aberta de verdade.

Mas, então, você fantasia a sua metade da laranja. Isso é mais romântico que sexual.

Vai muito mais além do romântico. Trata-se de encontrar alguém com quem possa viver a liberdade absoluta. E é fantasia porque me dei conta de que é impossível de encontrar.

Blusa e saia da Balmain e sapatos de Christian Louboutin

E aí, o que acharam das declarações da musa burlesca e das fotos do editorial? O mais interessante e notável é que Dita "ganha a vida" tirando a roupa, como Laura menciona na reportagem, e, nesse editorial, ela é a única que aparece vestida. 

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7 comments

  1. Tava lendo e pensando com meus botões...
    Curto tanto esse blog, e estou me formando como tradutora esse ano. O que você acha de deixar essas traduções pra eu fazer? Iria adorar :)

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    1. Hauhauhauha.. nossa, uma tradutora lendo minha "tradução"... espero que não tenha achado muito zuada huahuahua... mas sim, com certeza, seria muito legal. Manda um email pra fiercekrieg @ fiercekrieg.com que aí a gente combina \o/

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  2. Uau. Que entrevista!
    Ela foi bem densa, mas ao mesmo tempo bem concisa. Sinceramente, ganhou vários pontos comigo após essa.

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    1. Achei bem interessante conhecer esse lado dela e as opiniões que ela tem, que são bem sinceras e realistas, na verdade... adorei o que ela falou do filme pornô, por exemplo hahaha

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  3. dita é a perfeição em forma de mulher. apenas.
    obrigada pela tradução!

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    1. Magina, eu que agradeço por ler e comentar! :D A Dita é musa e ponto final <3

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  4. Não sei o que dizer sobre esta entrevista. Dita me surpreendeu pelo conservadorismo. Achei que ela tinha pensamentos mais modernos e avançados por mexer com arte. Mas esqueço que ela é americana. Algumas coisas concordo, outras não.

    Encontrar "homens de verdade"? Como assim? Todo homem é de verdade, cada um à seu jeito. Uns combinam mais com você outros menos. É como ver um homem vendo todo o avanço feminino na sociedade e dizer que não existem mais mulheres de verdade. Todas são de verdade!

    Quanto ao "...simplesmente se vestiam e iam às suas casas; não tinha que despejá-los. Agora querem ficar e se acomodar ao meu lado". Isso não é só com Dita! Veja nossas conhecidas, quantas no primeiro ou segundo mês de namoro já estão "morando com o namorado" ou ele ou ela acampados na cama dos outros vários dias na semana? Isso é comum hoje em dia! Até alguns anos atrás, namorar era namorar, você só morava com a pessoa depois de quase um ano ou após o casamento. Hoje tudo é imediatista, no terceiro mês de namoro todo mundo já tá dividindo apê! Isso nada mais é que uma mudança de comportamento na nossa sociedade que Dita só percebeu agora.

    Ela me pareceu como muitas mulheres que tem o poder ($$) mas sofrem com a ambiguidade de lidar com o amor. Ela reconhece que idealiza um homem ("homem de verdade") e idealizar pessoas é algo que não podemos fazer...

    Eu não a tenho como referência, embora a ache muito bonita e acho interessante a forma deliberada que ela construiu a carreira.

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