Viagem: Inhotim e BH

3/24/2017


Faz tempo que não posto nada mais autoral por aqui, né? Mas é que realmente tem me faltado tempo. A inspiração sempre surge, seja espontaneamente ou porque alguém sugere uma pauta por aqui - estou devendo um vídeo sobre minha carreira acadêmica, por exemplo, e aí também me pediram para comentar dicas sobre essa minha última viagem, que foi para o museu Inhotim na cidade de Brumadinho, Minas Gerais.

Galeria Galpão

O Museu de Inhotim já existe há mais de 10 anos, mas por algum motivo eu nunca tinha ouvido falar dele até minha chefe ter ido pra lá e, de repente, várias pessoas começarem a falar sobre e também irem visitar. Vários eventos também têm sido organizados por lá, que é tipo uma fazenda enorme (quase 800 mil hectares) no meio da Mata Atlântica. Isso significa que o museu, em si, é uma experiência e que você vai ter que caminhar muito e provavelmente debaixo do sol, já que estamos falando do cerrado mineiro e de Brasil, no fim das contas. Como eu fui no começo de março, o clima ainda estava bem quente (chegamos a pegar mais de 30ºC), mas só garoou no domingo. 

Galeria Cosmococa


Reservamos um sábado e um domingo para visitar o museu, já que ouvimos falar que era realmente muito grande e, por isso mesmo, há a possibilidade de "alugar" um carrinho. Coloco entre aspas porque todo mundo falava isso e eu já tava empolgada achando que ia dirigir tipo um carrinho de golfe por lá, mas na verdade existem pessoas dedicadas a esse serviço. Muitas pessoas, aliás. Um destaque de Inhotim é a grande quantidade de pessoas trabalhando por lá, então sempre vai ter alguém pra te ajudar e te dar orientações em todos os lugares.

A dica, portanto, é alugar um carrinho, sim. Não é tão caro: R$28 por pessoa. Mas o ingresso pode ser um pouco mais pesado, já que a inteira é R$40 por pessoa, mas se você comprar o passe para sábado e domingo, eles dão 5% de desconto. Em geral, dois dias são suficientes para você ver tudo, especialmente se você alugar o carrinho em um só dia. Uma sugestão que o próprio funcionário de lá me fez foi justamente pegar o carrinho só no sábado, fazer as trilhas mais distantes e deixar o domingo para fazer tudo a pé, onde era mais perto da entrada.

Beam Drop, Chris Burden
No fim das contas, como o Matheus e eu candangamos no sábado, pulando refeições e mal fazendo paradas pra descanso, a gente já tinha visto quase tudo. Ficamos hospedados em Belo Horizonte, porque não vale a pena ficar em Brumadinho: é uma cidade de 30 mil habitantes só e, por isso, não tem nada pra fazer e tudo fecha cedo. Em BH, você pode tanto alugar um carro e ir dirigindo até Brumadinho ou então ir de ônibus de linha ou alugar um serviço de van que sai do hotel Holiday Inn no bairro Savassi. Resolvemos não alugar um carro porque, além de ser mais caro, o trajeto para Inhotim pareceu bem chatinho, mesmo se a gente fosse usar GPS.

Nós nos hospedamos ali por perto em um hotel chamado Toronto Tower e não recomendamos a ninguém. Pode ser mais barato do que os outros na região, mas você vai encontrar tudo aquilo que as resenhas comentam: paredes descascando tinta e sujeira, ar condicionado desregulado, barulhento e cheio de poeira (o Matheus até ficou doente), o wifi nem pegava no quarto e o café da manhã era bem razoável. Os únicos positivos são, realmente, o menor preço e a região em que ele se encontra: pertinho de uma das principais avenidas, do shopping Pátio Savassi e mais ou menos próximo da Praça da Liberdade.

Vegetation Room Inhotim, Cristina Iglesias
Bom, então de dicas práticas é isso: dois dias são mais do que suficiente para ver todo o museu, mas se você for bem rápido e alugar um carrinho, pode ver tudo em um dia só. O que acabamos errando foi nisso, por não sabermos que daria pra fazer tudo no mesmo dia, e aí ter deixado a segunda-feira para conhecer BH... só que na segunda todos os museus fecham, então acabamos só visitando outros lugares mais aleatórios que vou deixar para comentar no fim do post.

Antes de entrar nas obras de arte em si, acho legal dar como dica também a questão da comida lá em Inhotim. Teoricamente parece que é proibido levar comida, mas ninguém vistoriou nossa mala e a gente viu várias pessoas comendo marmitinhas pelo parque, então... Mas é sempre bom levar alguma coisinha pra comer e garrafas de água para você encher de novo nos vários bebedouros que estão espalhados pelo museu. Existem pacotes em que você compra a van de BH pra Inhotim e ainda inclui o buffet no restaurante Tamboril, que é o mais sofisticado de lá, mas tanto ele quanto o restaurante Oiticica têm opção de comida por kg e o preço do Oiticica é bem menor, mas também não é tão variado quanto o Tamboril. Isso não significa que ele é ruim, muito pelo contrário!


Também tem alguns carrinhos que vendem snacks, tipo chips, refrigerante, chocolate etc. Na minha opinião, faltou venderem sorvete, porque o calor tava tão absurdo que se tivesse barraquinhas de sorvete, eu ia me acabar haha... Também tem as lanchonetes e os cafés. O Café do Teatro é bem aconchegante e lá sim você acha picolés, cafés e Baer-Mate, um mate gaseificado com um pouco de suco de maçã e que é uma delicinha de poucas calorias. Eles também vendem isso no Café das Flores, que é um pouquinho mais caro, mas também tem salgados, pão de queijo e bolo do dia. Eu peguei um dia com um bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro que estava tão absurdamente bom que eu nunca mais vou esquecer na minha vida hahaha... O legal também do Café do Teatro é que logo acima dele tem uma obra da Yayoi Kusama que é um jardim com bolinhas (claro) flutuantes.

Narcissus garden, Yayoi Kusama


Mas a primeira galeria que visitamos foi a Galeria Fonte, que logo na entrada tinha uma obra de um cubo vermelho chamado Red, de Tsuruko Yamazaki. Logo que eu vi, achei que daria uma foto bem poser e linda HAHAH, mas fiquei com vergonha de tirar e só fiz isso depois. Mas dentro da galeria, no entanto, tem obras de diferentes artistas, como Cildo Meireles, mas com uma pegada mais politizada, trazendo até um pouco de referência da pop art de Warhol e o design de cartazes do movimento Zapatista, por exemplo.

Red, de Tsuruko Yamazaki

Cildo Meireles - Inserções em circuitos ideológicos: Projeto Coca-Cola



Mas acho que uma das nossas galerias preferidas, talvez porque ela era uma das mais geladinhas e onde a gente ficou mofando no domingo, quando já tínhamos visto tudo, foi a Galeria Cosmococa com as obras de Helio Oiticica. São diferentes salas que combinam imagens projetadas com músicas de artistas como Jimmy Hendrix e Yoko Onno, numa vibe bem psicodélica, mas incluindo experiências como uma piscina (que você pode entrar), uma sala acolchoada com várias almofadas geométricas, uma sala cheia de redes, outra cheia de colchões e uma cheia de bexigas.






 


Outro lugar que adoramos foi a galeria Adriana Varejão, que é a da primeira foto aqui do post. Confesso que gostei mais da arquitetura do que da obra em exposição haha.. fiquei fascinada pelo prédio e pela piscina, especialmente pela cor. Meu sonho é ter uma casa assim :P






Mais uma das galerias que ficaram entre as nossas preferidas foi a galeria Galpão com a exposição de William Kentridge, I Am Not Me, the Horse is Not Mine. São vários vídeos que reinterpretam a ópera O Nariz de Shostakovitch usando muito da inspiração da arte construtivista do período da União Soviética. É bem legal e vale a pena ficar um tempinho sentado assistindo. A parte de fora do Galpão também é bem bonita, com uma vista mais de cima do resto do lugar.






Dali a gente pegou um caminho para o Jardim de Todos os Sentidos, que é, na verdade, algo bem simples, mas que eu gostei porque tinha um monte ervas e plantinhas cheirosas... apesar de eu ter rinite e não sentir cheiro muito bem, sou apaixonada por chás e temperos, então fiquei felizona por lá hahaha.. O interessante de Inhotim também é isso.. tem todo um roteiro botânico, com jardins e plantas nativas... então o museu não engloba só arte, mas também arquitetura e até mesmo paisagismo. Fora também todos os bichos que tem por lá... quer dizer, a gente só viu uns macaquinhos, patos e cisnes :) inclusive, vimos macacos até mesmo no hotel... Eles estavam brincando nas árvores perto da piscina. Achei bem legal, não é muito comum por aqui a não ser em regiões rurais... e nós estávamos em uma capital, né.









Aí a outra galeria que eu amei e provavelmente é a minha favorita de todos é a Galeria Psicoativa Tunga. Meu amigo Diogo já tinha dito que eu ia gostar dela mesmo, mas realmente... amei demais. Não só porque são caveiras e herp derp, mas porque a combinação de preto com dourado delas é sensacional, fora a arquitetura do lugar e as ilustrações do Tunga. Gostei muito mesmo.














E aí provavelmente uma das mais famosas galerias é a Cildo Meireles com a obra True Rouge. Apesar de gerar fotos muito bonitas, eu sinceramente não achei grande coisa pessoalmente... Gostei muito mais dos outros trabalhos do Cildo, como o Desvio Vermelho (uma sala com todos os móveis e objetos em vermelho) e Através (um salão com o chão forrado de pedaços de vidro sobre os quais você pisa e vai quebrando).










A Galeria Lago também é bem legal, especialmente para quem gosta de esculturas. Lá tem os trabalhos de Dominik Lang, na instalação Sleeping City.





Mas também tem várias instalações e esculturas espalhadas pelo parque, fora das galerias...



Fora os próprios bancos de madeira espalhados por todo Inhotim, que são criações do Hugo França. São todos muito bonitos e únicos, bem monumentais mesmo.



E aí também tinha bem no meio da mata esse domo com a obra Da Lama Lâmina, de Matthew Barney.





Outra obra bem legal e até fantasmagórica é Now let's play to disapear, de Carlos Garaicoa:


E também na Galeria Lygia Pape, a instalação Ttéia, nº 1, C.


Bom, é claro que tem muito mais coisas por lá, mas esses são alguns dos destaques que eu selecionei aqui pra vocês. Agora vou entrar mais no que rolou em Belo Horizonte. Como na segunda-feira, os museus não abrem, acabamos fazendo um passeio mais aleatório indo ao cemitério do Bonfim, que é conhecido por ter várias pessoas célebres na cidade enterradas lá, esculturas tumulares muito bonitas e a curiosidade de que o cemitério foi fundado antes mesmo de Belo Horizonte.










Como chegávamos em BH por volta das 18h nos dias em que fomos para Inhotim, acabamos jantando lá nos dias em que ficamos. E um lugar pertinho do hotel que a gente descobriu e adorou foi o Slow Burger. Depois de ter ido num rodízio de comida japonesa beeeem miado no sábado, a gente resolveu comer um hambúrguer nesse Slow Burger, que além de ter um preço bem legal (comparado a SP, BH tem preço de comida bem mais amigável), milkshakes deliciosos e até mesmo um hambúrguer doce feito de brigadeiro hahah.. isso a gente não comeu, mas o hambúrguer de paçoca com caramelo é uma delícia.


E seguindo o roteiro gastronômico, fomos também ao Mercado Central para comprar presentes pra família - prometi queijo pro meu vô e goiabada pra minha mãe, mas obviamente me acabei nos doces de leite e numa das cocadas cremosas mais maravilhosas da minha vida. Também comemos no Restaurante Casa Cheia lá dentro, que tinha comidas bem típicas... o Matheus pegou um misturado de arroz com carne e legumes e eu peguei um prato com almôndegas recheadas de queijo com molho de abóbora, porque sou a louca da abóbora mesmo.


E na segunda à noite, aproveitamos para conhecer o shopping Pátio Savassi e encontrar um amigo de mil anos atrás, quando fazia parte de um fórum de pixel art que é melhor nem comentar HAHA.. Mas comemos em uma hamburgueria local bem gostosa também e com refil de chá mate. Muito bom que lá também tem esse costume de tomar chá mate gelado... aqui em SP não tem tanto quanto no RJ, por exemplo... eu acho ótimo isso, porque é uma boa opção de bebida pra quando se vai comer fora e prefere não tomar refri.


Bom, é isso. :) Espero que tenha ajudado a quem tem interesse de ir pra Inhotim, já que em BH eu não pude fazer muita coisa por questão de tempo e de logística mesmo hahah.. outra boa notícia é que lá tem Uber, então facilita muito a vida!

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3 comments

  1. Geeeeeeeeeente, que post enooooooorme! hahahaha
    Muitas imagens, adoro isso! Achei alguns ambientes bem sombrios mas gostei de alguns também. Teria fotografado nos jardins e naquel lugar onde tem a "piscina" hahahaah

    E tu fica linda sorrido!

    Beijos

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  2. Que legal, eu gosto muito de museus, mas eu não moro no melhor lugar para gostar disso, hahaha tem uma cidade aqui perto que tem alguns, mas nunca tenho tempo para ir e quando tenho, não tenho dinheiro nem para a viagem até lá :( Só fui em um até hoje e gostei muito, muito, muito... quero ir lá de novo, mas tenho que arrumar mais gente para ir junto, hahaha

    www.blogmylittlecandy.blogspot.com.br

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  3. Que lugar lindo, fiquei com vontade de conhecer!
    Outro que fiquei sabendo "recentemente" foi o Museu do Amanhã.
    Sou doida pra ir lá também, hauha! Beijos <3

    4sphyxi4.blogspot.com.br

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