Mechapolypse e as roupas inteligentes
3/16/2012O portal Techmundo publicou nessa quinta-feira uma matéria sobre um vestido inteligente criado pela designer Nange Magro. Apelidada de Mechapolypse, a peça é controlada conforme o nível de concentração da pessoa que a veste e tem uma costumização que segue o estilo da criadora, a qual tem uma tendência mais voltada à estética dark e ao surrealismo.
Estudante de Moda Digital em Londres, Nange uniu seu trabalho de animações gráficas com uma indumentária tecnológica, a tal da "roupa inteligente". No vídeo, vemos o conceito da peça e todo um desenvolvimento imagético que cria a atmosfera distópica/cyberpunk inerente ao vestido. Usando como trilha-sonora um cover de Radiohead, mais especificamente da música Street Spirit (Fade out), ela acaba reforçando uma das temáticas da banda: a máquina, o homem que é transformado em máquina a partir da distorção e anestesiamento dos sentimentos etc (o lance do Paranoid Android)... porém, Nange vai na contramão com uma proposta em que a máquina funciona conforme as emoções humanas. Hahah viajei, mas não é por aí mesmo?
Eu lembro que numa das edições da FILE, Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, que acontece anualmente em São Paulo, havia uma instalação que era um colete que acendia luzes em led conforme as emoções das pessoas, mas não consegui achar o nome do artista, a edição ou mesmo da obra. Por isso, pra mim, não foi tão surpreendente ver o trabalho da Nange. O diferencial está mesmo no design da peça - porque o que tinha na FILE era tipo um coletão tosco, meio que nem aqueles coletes que a gente veste pra tirar raio-X, sabe? HAHAHA. Como a Nange é fierce e gosta de látex e ficção científica, o que mais poderíamos ter senão uma peça tecnológica e linda?
A gente percebe que por mais que a proposta seja futurista, ela tem um teor retrô, com essa pegada do corset, da cintura marcada e do quadril largo, a saia na altura do joelho, o detalhe meio em lingerie vintage da saia. Mesmo o chapéu, que tem uma proposta tipo de "armadura", também lembra os contornos dos chapéus antigos de aeromoças, por exemplo, ícones femininos dos anos 20/30. Então, acho que a pegada da Nange é um retrofuturismo, ao estilo das roupas de Blade Runner ou mesmo a mistura de tecnologia avançada e estética renascentista que tem no game Deus Ex: Human Revolution, sabem? Um futuro noir, o que é bem típico das narrativas cyberpunk, mas nem todas obras extrapolam essa questão - um exemplo disso é o filme Dark City (1998), que tem bem o lance da narrativa policial noir. E eu acho lindo, na verdade, porque fortalece a feminilidade da modelo e ainda cria um aspecto maquinico e sombrio - uma equação que leva ao bizarro-bonito.
O fato é que para Nange criar esse vestido, ela teve que unir materiais orgânicos e eletrônicos que possibilitassem a peça de reagir aos pensamentos do usuário, seja acendendo luzes ou se movendo - nesse caso, a saia se retrai. O trabalho, por incrível que pareça, ainda é um projeto, mas já tem todo esse editorial, vídeo e trailer. Ou seja, vamos ver no que vai dar. Por enquanto, já existem algumas tentativas de inserir painéis luminosos em camisetas (tipo aquelas que reagem ao sinal de wireless ou à música) e cintos e também roupas com LED, como esses vestidos de noiva:
À esquerda, a ex-BBB Fernanda Cardoso (???) usando um vestido com gola em LED. Foi apresentado em um evento chamado Casar 2010, realizado no Terraço Daslu. O outro é criação da estilista carioca Carol Hungria, que funciona a partir de uma pequena bateria escondida abaixo dos tecidos. Os LEDs são acionados via controle-remoto e são customizáveis de acordo com a preferência da noiva
Fora isso, ainda há celebridades que usaram roupas inteligentes em suas performances ou em aparições públicas. Dois exemplos mais famosos são Katy Perry e Rihanna:
Katy usou um vestido customizado pela Cutecircuit, uma linha de roupas com LED
Fiiiiiierce! O vestido da Rihanna foi feito numa parceria de Alexandre Vauthier e Mortiz Waldemeyer
A Lady Gaga também usou, mas ela não conta rysos.