Eugenio Recuenco, horror fashionista

2/15/2012

Aposto que muitos de vocês adoram um filme de terror ou umas bizarrices fotográficas a la Tarsem Singh, Terry Gilliam, Jan Švankmajer, David Lynch e por aí vai. O lance é que o fotógrafo espanhol Eugenio Recuenco faz um trampo semelhante, mas na moda. Seja com fotografias ou com vídeos, o cara simplesmente arrasa e não economiza nas edições ao estilo dos trabalhos mais recentes de Annie Leibovitz.


Em 2005, Recuenco ganhou o Golden Lion em Cannes (premiação publicitária) por conta de uma fotografia usada como propaganda do Playstation 2, na qual uma mulher idosa era retratada conforme a estética de um quadro renascentista/barroco. Em entrevista para a Bak Magazine, o espanhol diz que ele não tem o Renascimento como uma inspiração, mas certamente a iluminação, algo priorizado nas pinturas da época, é uma característica importante na sua obra.

Foto de Recuenco premiada no Gold Lion
Mas essa ligação não é por acaso, já que Recuenco especializou-se em pintura na faculdade de artes. Isso, como ele afirma em entrevista, acaba o ajudando a fazer tais manipulações nas fotografias, além das correções casuais. No início da carreira, ele e sua mulher ficavam responsáveis pela edição. "Nós trabalhamos a cor como um pintor faz e essa sensibilidade vem justamente da escola de arte", afirma o fotógrafo.


Além das artes plásticas, Recuenco tem um olhar afiado também para o cinema. Dois de seus diretores preferidos são Tarantino e Wong Kar Wai, dos quais sente seu trabalho mais próximo, além da admiração por Lynch, mais especificamente pela "força visual sem efeitos" que este provou ter.

Quem aí pensou em Twin Peaks?

Além desses diretores, podemos ainda verificar a presença de influências de correntes cinematográficas, como o expressionismo alemão.


Ou mesmo dos filmes noir/old sci-fi.


E sempre com um toque de bizarrice, que é justamente o que nos faz pensar que ele é um representante do horror na moda.


Além de trabalhar com modelos, Recuenco também fez trabalhos com a banda alemã Rammstein.


Nos cenários mais inusitados...


Quase um quizz cinematográfico...


E certamente uma experiência trevosa/bizarra! Ou como o próprio Recuenco disse, ao responder o que ele achava da palavra "noite" para a Bak Magazine: "Eu acho as trevas muito mais atraentes que a noite. Entendo as sombras como uma loucura não captada à primeira vista. As trevas são mais como sexo com as luzes acesas e espinhas nas costas". Eita trevosada!


Enfim, o portfolio de Eugenio Recuenco é gigantesco e ainda conta com vídeos MUITO legais. Ele está trabalhando em uma nova filmagem, além de estar interessado em um livro japonês - o qual, provavelmente, iria transformar em filme. Mas como ele não é grande referência cinematográfica, pensa que talvez não seja a hora. "Acho que em quatro anos, eu conseguirei, mas acho que isso vai ter que se fora do meu país. Aqui nós fazemos um monte de besteiras por causa de contatos, e eu não quero mais isso. Quero apenas aqueles que confiam em mim e no meu trabalho, apenas isso", comenta.

Acho que a música que tá tocando ao fundo é do Faderhead! Um vídeo muito macabro e interessante.


Beijo pros fãs de Andrej Pejic! O cara (posso chamá-lo assim?) arrasou nessa campanha para a Mango


Baratas com suásticas, um velho stalker e crianças ouvindo Lili Marlene, música muito popular durante a Segunda Guerra Mundial e interpretada por Lale Andersen (que teve sua autobiografia filmada em 1981 sob o nome de Lili Marlene)

Propaganda do perfume Quizás, quizás, quizás 

Resumo dos trabalhos de Recuenco ao longo de 2010

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5 comments

  1. Nossa adorei o seu post! Fiquei impressionada pelos trabalhos do Recuenco! Perfeito!

    =***

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    1. Muito legal, né? Nem sei como nunca tinha visto antes!

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  2. Muito legal o trabalho dele, imagens muito boa, com plástica fantastica mesmo!

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  3. Adorei as fotos, em especial a da moça com a amquina de escrever.

    LEgal ver como ele domina a pintura e transporta isso pra fotografia.

    To adorado o Blog

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    1. Né? Acho que todo fotógrafo tem um pouco de domínio na pintura mesmo, mas aqueles que se especializam nisso acabam tendo um diferencial mesmo. Eu meio que digo isso porque fico espantada com o Gottfried Helnwein, que é tema da minha dissertação. O cara fotografa e pinta num estilo hiper-realista que dá medo! Quase não dá pra distinguir quando é pintura.

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